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Voz do Mouchão



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Crónica dos bons capangas

A junta de freguesia do Ourondo não é uma pessoa de bem, porquanto se tem revelado um instrumento de manipulação nas mãos de forças na sua essência desconhecidas da generalidade da população, e o seu presidente, assumindo um papel de fantoche - e nele se contemplando com aprazimento -, um pau-mandado, na circunstância um testa-de-ferro ao serviço de um clã que integra, entre outros, um punhado de indivíduos que dominam de forma avassaladora todos os sectores da actividade e que determinam a própria estrutura da autarquia.

No fim de contas, quem manda no Ourondo? Se não é o padre, o professor, o ourives, o médico, o taberneiro, o povo, e tão-pouco o presidente da junta, quem gere os destinos da freguesia?
Ele há coisas que podem passar despercebidas ao Zé-povinho, mas que aos olhos de um observador mais atento, quando analisadas com o devido distanciamento, saltam à vista desarmada. Basta olhar, com vontade de ver, o rumo que a freguesia tem seguido nos últimos anos e a expressividade que têm alcançado o sector do imobiliário, a par do das obras da governança, a maioria delas inócuas, apenas encetadas com o declarado propósito de encher os bolsos do clientelismo instalado nas traseiras da autarquia, para se perceber quem manda no burgo.

Precavidos
Poderosos lobbies se constituíram, desde inicio, para transportar ao colo para a cadeira do poder o actual presidente da junta, numa época em que o seu predecessor começava a mostrar uma certa relutância na cedência aos interesses dominantes, que desde tempos ancestrais têm determinado os destinos da freguesia.
Contudo, ninguém parece ter estra-nhado à altura o facto de um ex-emigrante, recém-chegado ao burgo, e, por conseguinte, distanciado dos problemas da paróquia, com a maior das facilidades tivesse arrebatado o poder, relevantemente numa fase da governança em que o seu predecessor começava a mostrar alguma relutância em ceder aos caprichos do clien-telismo sentado à sombra da autarquia. De especial, o que isto nos lembra, se não aquela situação de família precavida face a todas as eventualidades, que distribui filiações de pai, mãe e filhos por todas as forças, dentro e fora da esfera do poder, de maneira a usufruir de uma relação privilegiada, qualquer que seja a política preponderante.
Entretanto, e do mesmo modo, também ninguém parece ter estranhado, ou sequer perscrutado, o facto de apoiantes da autarquia, declaradamente insatisfeitos com o rumo incutido à governança, ao abandonarem o barco terem sido vergonhosamente ostracisados, caluniados e, inclusive, no extremo zelo da mandança, perseguidos.
Acresce destacar que hoje, no burgo, prevalece um clima de medo. Uma significativa percentagem de ourondenses residentes têm medo das represálias dos detentores do poder local, porquanto sabem que são avaliados segundo a premissa dualista, assente no principio “se é dos nossos, tudo bem, se não é dos nossos, fora com ele, que arda nos infernos!”. Para todos os efeitos, sujeito a processos de intenção, está lixado!
À semelhança de outros tempos, antes de pronunciarem certas palavras, ou fazerem determinado tipo de alusões, os ourondenses olham receosos, em redor, conquanto de imediato surge a interpor-se na conversa a recomendação à boca pequena, “cuidado, não se meta com essa gente!”

Subversão
Numa continuidade que vem de longe - que a terra sempre foi de vacas magras e de promessas nunca cumpridas por gente desqualificada -, perpassa pelo burgo um clamor de contestação às acções da governança, mas como é da tradição da terra, todo o mundo distraído, confuso e absorto no demasiado óbvio e primário, aponta farpas em redor, olvidando contudo os verdadeiros fins e utilidade cívica daqueles que escondidos por detrás da capa dos “bons costumes” desenvolvem na sombra, sob o pretexto da discrição, acintosas intolerâncias, torpes proteccionismos e inadmissíveis perseguições.
Em resumo, que é isto se não a subversão do poder local.
Contudo, se é público e notório que essa gente de rosto tapado, conquanto por todos identificada, arca com as responsabilidades que se vêm acumulando ao longo das sucessivas governanças, em tudo o que concerne às deploráveis condições de vida e à degradação do estado da política local, porque demoníaca razão hão-de os ourondenses continuar a aceitar displicentemente que essa gente actue de livre arbítrio e se esconda, sem responder pelos seus actos? Assim sendo, porque não há no burgo alguém que levante a voz, pegue o touro pelos cornos e condene esta gente no tribunal da opinião pública?
Responda quem souber...